Ex-número 2 da Abin de Lula tentou levantar informações contra chefe da PF
Investigação revela estratégia do ex-diretor-adjunto da Abin para descredibilizar o chefe da Polícia Federal. Tentativas de obstrução de Justiça e ataques políticos levantam questionamentos sobre a atuação da agência de inteligência durante o governo Lula.
Investigação revela tentativa de manipulação na "Abin paralela"
O relatório final sobre a "Abin paralela" destacou que Alessandro Moretti, ex-diretor-adjunto da agência, tentou obter informações para prejudicar o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, no início do governo Luiz Inácio Lula da Silva.
Moretti questionou colegas sobre possíveis ações de Rodrigues para incentivar uma greve da Polícia Federal, que demandava reajuste salarial. Em mensagens, ele pede por evidências que ligassem Rodrigues ao movimento grevista.
Ambos, Moretti e o diretor Luiz Fernando Corrêa, foram indiciados por obstrução de Justiça, já que tentaram desacreditar investigações direcionadas à Abin. Em suas ações, tentavam taxar as apurações como "perseguição política".
Moretti buscava alavancar apoio político contra Rodrigues, classificando as investigações como manobras políticas. Em uma ação, compartilhou uma imagem recortada com o intuito de associar Rodrigues a Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro.
Após a evolução da investigação, Moretti foi exonerado da Abin em 2024. Além disso, ele já era mal visto internamente por sua proximidade com Torres durante o governo anterior.
O relatório também mencionou tentativas de criar embaraços ao ministro Flávio Dino durante suas investigações sobre o uso irregular da ferramenta FirstMile, a qual não exigia mandado judicial para monitoramento de alvos.
Um diálogo entre Moretti e Marcelo Furtado, da Abin, foi revelado, referente a um contrato do governo do Maranhão, levantando suspeitas sobre a utilização da ferramenta em 2017, quando Dino era governador. A conversa foi acessada após a quebra de sigilo de Moretti.
A Abin e Flávio Dino não se manifestaram sobre as acusações.