Ex-servidor do Ministério da Justiça relata pressão para vincular votação de Lula a facções criminosas nas eleições de 2022
Ex-analista revela pressões no Ministério da Justiça para direcionar análises eleitorais no segundo turno de 2022. O depoimento faz parte da investigação sobre a tentativa de obstruir a posse de Lula e a disseminação de narrativas de fraude.
Ex-analista Clebson Ferreira de Paula Vieira depôs ao Supremo Tribunal Federal (STF) afirmando ter sofrido pressão para produzir análises eleitorais com viés político durante o segundo turno das eleições de 2022.
O depoimento, realizado em 14 de outubro, faz parte da investigação sobre a “trama golpista” que tenta impedir a posse do presidente Lula. O juiz auxiliar Rafael Henrique Janela Tamai Rocha conduziu a oitiva.
Vieira relatou que foi orientado a cruzar dados de votação com áreas dominadas por facções criminosas, especialmente o Comando Vermelho, para levantar suspeitas sobre os resultados eleitorais em regiões onde Lula teve alta votação.
Em mensagem à ex-esposa, Vieira mencionou uma demanda direta da diretora Marília Alencar, afirmando estar mal e precisando acelerar o trabalho. Alencar é também ré no processo.
O analista destacou que as ordens eram veladas e tinham um “viés de ajuda ao governo”. Ele foi instruído a complementar um painel de Business Intelligence (BI) com dados de regiões onde Lula teve mais de 75% dos votos, material que foi impresso e entregue a terceiros sem identificação.
Além de Vieira, outros depoimentos foram coletados e as oitivas devem continuar até 21 de julho. A Procuradoria-Geral da República (PGR) e as defesas dos réus solicitaram as diligências, que visam investigar ações para sustentar a narrativa de fraude eleitoral e preparar um golpe de Estado.