Expansão rodoviária desacelera nos últimos 40 anos
Apesar do crescimento de 43,2% na extensão das rodovias federais pavimentadas, investimento e planejamento no setor têm sido limitados nas últimas quatro décadas. A falta de recursos e a concentração do orçamento na manutenção em vez da construção nova são desafios persistentes.
Avanço tímido da infraestrutura rodoviária no Brasil
A infraestrutura rodoviária do Brasil teve um crescimento modesto nos 40 anos de democracia, passando de 46.455 km em 1985 para 66.520 km em 2024, uma alta de 43,2%.
Pelo contrário, durante a ditadura militar (1964-1985), houve um crescimento de 282,1%. Isso se deve a fatores como:
- Início com apenas 12.157 km de rodovias pavimentadas.
- Concentração dos recursos orçamentários no governo militar.
Após a ditadura, o governo optou por concessões rodoviárias, transferindo a gestão para a iniciativa privada. Contudo, a democracia foi marcada pela falta de investimentos no setor, dificultando a expansão das rodovias.
Um estudo da CNT revela que em 2023, 78,6% do investimento foi direcionado para manutenção, enquanto apenas 7,4% foi destinado à construção de novas rodovias. O aumento da frota de veículos intensificou a demanda sobre uma infraestrutura já defasada.
Segundo César Borges, ex-ministro dos Transportes, o regime democrático dispersa os recursos, que precisam passar por várias instâncias antes de serem alocados. Ele ressalta a dificuldade de direcionar investimentos, ao contrário do regime militar, que tinha planejamento mais centralizado.
A redução da malha ferroviária também é um destaque, caindo de 34.262 km em 1964 para 29.777 km em 1985, uma queda de 13,1%. Após a democratização, a malha ferroviária cresceu apenas 2,5% em quase 40 anos, com 56% das linhas apresentando baixo fluxo.
Borges defende que é necessário investir em todos os modais de transporte para o desenvolvimento do país.