Exploração de minerais críticos vai demorar um século se não houver mudança, diz ex-ministra
Brasil possui vastas reservas de minerais críticos, essenciais para a tecnologia moderna, mas carece de estratégia e mapeamento eficaz para sua exploração. A ex-ministra do Meio Ambiente destaca a necessidade de uma governança contemporânea para integrar a pesquisa mineral à sustentabilidade e inovação.
O Brasil é detentor de uma das cinco maiores reservas mundiais de minerais críticos, essenciais para semicondutores e baterias de veículos elétricos. No entanto, falta um mapa e uma estratégia para explorar esses recursos, de acordo com a ex-ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.
O país possui 23% das reservas de terras raras, totalizando 21 milhões de toneladas, mas produziu apenas 20 toneladas no último ano. A ex-ministra destaca que a Agência Nacional de Mineração (ANM) conta com apenas 600 funcionários, o que é insuficiente para abranger todo o território.
Teixeira, que copreside o Painel Internacional de Recursos da ONU, ressalta a urgência de um modelo de governança contemporâneo para gerenciar esses recursos, especialmente em relação à transição energética. Ela mencionou um projeto em discussão que visa desonerar mineradoras e criar um conselho para gerir a pesquisa mineral.
O deputado Zé Silva prevê a votação do PL da Política Nacional de Minerais Críticos e Estratégicos até a COP 30, programada para novembro. Segundo Teixeira, essa regulação deve integrar a governança climática e tecnológica.
Teixeira enfatizou a importância dos minerais críticos e da energia renovável para o futuro do Brasil, destacando as big techs e a dependência de recursos como lítio, cobre e ferro. Ela citou a estratégia americana para ampliar recursos naturais em busca de independência digital.
No contexto dos data centers, Teixeira apontou a necessidade de um plano de investimento em energia renovável nos EUA e destacou a importância da água e dos minerais críticos para a construção e operação desses centros.
Ela também sugeriu que o governo brasileiro deve considerar a sustentabilidade hídrica e energética ao desenvolver políticas para data centers e que os riscos climáticos devem ser avaliados nos projetos. Teixeira conclui que o Brasil precisa tomar decisões que considerem a realidade atual, evitando o erro de governança do passado.