Fala de Haddad, emendas e projeto do IR: o que fez Motta antecipar votação do IOF?
Líderes do governo se reúnem para avaliar possíveis estratégias após a surpreendente decisão de Hugo Motta de pautar a votação do projeto que suspende a taxação do IOF. A falta de diálogo prévio com a base e a presença de parlamentares em festividades juninas complicam ainda mais a situação.
Líderes do governo no Congresso foram pegos de surpresa pela decisão do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), de pautar o projeto que suspende a proposta de taxação do IOF.
O deputado Coronel Chrisóstomo (PL-RO) foi escolhido relator da matéria. O governo esperava mais tempo para negociar o projeto.
Parlamentares da base consideram possíveis razões para a virada de Motta, incluindo a insatisfação após a entrevista do ministro Fernando Haddad à TV Record. Nela, ele criticou um projeto de aumento do número de deputados, que será votado no Senado.
Além disso, há divergências sobre a distribuição de emendas parlamentares. O governo retém a liberação das emendas deste ano e o ministro do STF, Flávio Dino, realizará uma audiência pública na próxima sexta-feira (27) sobre a execução das emendas.
Outra fonte de insatisfação é o ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que deseja isentar uma faixa de renda no imposto de renda. Ele depende de compensação, e Motta é aliado de Lira.
Depois do anúncio de Motta, líderes do MDB e do PP também comentaram a votação, vista como um movimento coordenado. O líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), criticou a lentidão do governo e previu que a sustação deve contar com pelo menos 310 votos, representando uma possível derrota para o governo.
O líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), também se disse surpreendido pela decisão de Motta e não vê possibilidade de reverter a situação, apontando a falta de quórum devido a compromissos juninos de parlamentares, especialmente no Nordeste.