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“Fantástico”, show de desinformação sobre cannabis

Reportagem do Fantástico gera polêmica ao associar extração de cannabis a riscos de saúde sem embasamento científico. A falta de informações precisas e o uso de sensacionalismo provocam preocupação sobre as consequências da desinformação.

Reportagem do Fantástico sobre o “ice” gera polêmica e desinformação

Uma reportagem de 5 minutos exibida no domingo (29.jun.2025) pelo Fantástico gerou danos significativos ao abordar o “ice”, um tipo de extração de cannabis, como “mais nocivo” que a maconha.

A decisão do programa em usar alarmismo causou pânico social em um tema já conhecido, uma vez que a extração de resina de cannabis tem séculos de prática. O "ice" é uma técnica natural que utiliza apenas água e gelo, com menos danos à saúde se vaporizado.

O programa optou por estigmatizar a cannabis, ignorando suas propriedades terapêuticas, e fez uso de elementos sensacionalistas, como trilhas sonoras tensas e depoimentos anônimos com medo infundado. Comparações irresponsáveis entre a extração de cannabis e o crack foram apresentadas, sem mencionar que maior potência não implica, automaticamente, maior risco à saúde.

A reportagem falhou ao não discutir os benefícios medicinais do “ice hash”, que pode ser bastante útil para pacientes com dores crônicas e outras condições médicas, permitindo doses mais precisas. O Fantástico deixou de lado o debate sobre a desinformação como um risco maior que o uso de substâncias.

Além disso, a falta de dados concretos e a ausência de fontes especializadas reforçaram a disseminação de desinformação. Não foram apresentados números sobre o uso problemático da cannabis, enquanto outras substâncias legais, como o álcool, apresentam riscos muito maiores.

As reações à reportagem foram amplas, com críticas no portal Reclame Aqui e nas redes sociais, destacando a falta de especialistas qualificados convidados a falar sobre o tema. A regulação da cannabis se tornou uma questão de saúde pública, justiça social e desenvolvimento econômico.

A insistência em narrativas sensacionalistas alimenta preconceitos, afasta pacientes de tratamentos eficazes e empurra usuários para o mercado ilegal. O Fantástico deveria reconhecer seus erros e abordar o tema com seriedade na próxima edição.

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