FGE, que será usado em socorro a exportadores, tem patrimônio de R$ 53,8 bi e lucrou R$ 1,7 bi no 1º semestre
O governo propõe reforma no Fundo de Garantia à Exportação para enfrentar impactos das tarifas de Trump nas vendas brasileiras. O BNDES busca utilizar recursos do fundo para oferecer crédito mais acessível a setores afetados.
Fundo de Garantia à Exportação (FGE) é destaque nas medidas do governo brasileiro para enfrentar os impactos do tarifaço do presidente Donald Trump nas exportações ao Estados Unidos.
O FGE, criado em 1999 e gerido pelo BNDES, possui um patrimônio de R$ 53,8 bilhões e registrou lucro de R$ 1,7 bilhão no primeiro semestre. O fundo garante financiamentos às exportações através do Seguro de Crédito à Exportação (SCE).
As exportações de maior valor dependem de financiamentos, que incluem o suporte do BNDES e do Banco do Brasil (BB). Desde os anos 1990, o BNDES emprestou mais de US$ 100 bilhões para o comércio exterior, incluindo US$ 25 bilhões à Embraer.
O FGE também garante financiamentos a grandes obras no exterior, lideradas por construtoras como Odebrecht e Andrade Gutierrez, que enfrentaram polêmicas devido à Operação Lava-Jato. Desde os anos 1990, foram US$ 10,5 bilhões em financiamentos, com US$ 13,3 bilhões devolvidos até o primeiro trimestre de 2023.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou uma possível "reforma estrutural" do FGE para usar seus recursos em operações de crédito a juros mais baixos. No entanto, essa mudança exigirá transformação nas regras contábeis do fundo, que atualmente impacta as contas públicas.
O consultor Ricardo Ramos defende que a utilização do FGE como fonte de recursos pode ser eficaz, mas sugere uma abordagem combinada com garantias de crédito. Ele alerta que o crédito pode não ser sempre a solução ideal, dependendo do setor e da estratégia das empresas.
Desde o início de 2023, o BNDES aprovou R$ 38,8 bilhões em financiamentos às exportações, superando o total dos sete anos anteriores.