Fies: inadimplência dobra em uma década e já atinge dois terços dos beneficiados
Fies enfrenta crise de adesão e inadimplência recorde, com 62% dos contratos em atraso. Ministério da Educação busca soluções para reverter a insatisfação dos alunos e a insustentabilidade do programa.
Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) registrou, em 2024, a menor demanda e a maior inadimplência em dez anos.
62% dos contratos estão com o pagamento atrasado, comparado a 31% em 2014. Apenas 167 mil estudantes concorrem a vagas, uma queda significativa em relação a 1,1 milhão em 2016.
Adilson Santana de Carvalho, do Ministério da Educação, apresentou os dados durante o Congresso Brasileiro da Educação Superior Particular no Rio Grande do Norte.
O Fies financia mensalidades de universidades privadas para estudantes carentes, que precisam reembolsar após a formatura. Porém, a inadimplência atual torna o modelo insustentável.
Em 2014, o Fies teve 733 mil contratos, enquanto em 2023 foram apenas 44 mil, com 112 mil vagas disponíveis.
Carvalho destacou que as reformas de 2017 impuseram regras de desempenho e extinguiram o financiamento integral, taxando os estudantes em 30% do valor das mensalidades, impactando negativamente os beneficiários.
91% dos beneficiados recebem até um salário e meio, com mensalidades em torno de R$ 1,2 mil, tornando difícil o pagamento de R$ 400 mensais.
A evasão crescente gera um ciclo vicioso de inadimplência e desinteresse no Fies. Carvalho acredita que a solução passa por mudanças na forma de cobrança, atrelando pagamentos à renda do ex-aluno.
A avaliação é de que o Fies deve concentrar-se em estudantes que ganham acima de três salários mínimos, enquanto os de menor renda poderiam ser direcionados ao Programa Universidade Para Todos (Prouni).
O MEC criou condições especiais para financiar 100% do curso para famílias com renda muito baixa, mas o interesse pelo Fies não aumentou mesmo com essas novas regras.
Para 2025, o Fies conta com 56 mil vagas especiais, mas a expectativa de alta na ocupação é baixa, refletindo a dificuldade do programa em atrair novos alunos.