Fim da 'Black Friday' da cidadania italiana? O mercado milionário no Brasil ameaçado por novas regras
Mudanças nas regras de cidadania italiana provocam impacto significativo entre descendentes no Brasil. Especialistas e empresas do setor enfrentam queda drástica na demanda e se preparam para se adaptar à nova realidade.
Mudanças nas regras da cidadania italiana foram anunciadas pelo vice-primeiro-ministro, Antonio Tajani, em 28 de março.
As novas regras exigem que descendentes de italianos tenham um antepassado direto italiano — pai ou avô — para obter a cidadania.
Antes, não havia essa restrição. As mudanças geraram grande impacto em empresas que oferecem esse serviço, resultando em uma queda de 90% na demanda, segundo o advogado Vagner Cardoso.
Os cidadãos já em processo de obtenção estão preocupados, como a paulista Juliana Trevisanuto, que aguarda há quatro anos.
A Itália estima que existem 30 milhões de descendentes de italianos no Brasil, com um histórico de migração significante entre 1870 e 1920.
O novo decreto deve ser regulamentado em até dois meses, com dificuldades práticas no atendimento a interessados, especialmente no consulado em São Paulo.
As novas regras preveem que cidadãos nascidos no exterior mantenham vínculos com a Itália a cada 25 anos.
Advogados apontam que o sistema anterior para obtenção da cidadania era ineficiente, levando muitos a buscar ações judiciais na Itália.
Empresas que atuam na área tiveram receitas milionárias, mas agora enfrentam a mudança como uma mercantilização do processo de cidadania, conforme apontado por especialistas.
As críticas se intensificaram em razão do marketing agressivo que associava a cidadania a promoções e descontos, o que gerou mal-estar na Itália.
As empresas brasileiras planejam contestar judicialmente as novas regras devido à percepção de que elas são inconstitucionais.