Fome faz palestinos assumirem risco de morrer para conseguir comida, diz morador de Gaza; veja relato
A escassez de alimentos em Gaza vira uma luta diária pela sobrevivência, agravada pela nova estratégia de distribuição da ajuda humanitária. Locais de abastecimento se tornaram zonas de perigo, onde civis enfrentam riscos constantes para alimentar suas famílias.
A vida dos moradores de Gaza está marcada pela rotina de busca por alimentos, cada vez mais perigosa desde a adoção de um novo sistema de distribuição de ajuda supervisionado por Israel.
A Fundação Humanitária de Gaza (FHG), que atua em apenas quatro pontos do território, é vista como insuficiente para atender a população faminta. O ativista Abed Al-Wahab Hamad destaca que pessoas enfrentam riscos ao viajar longas distâncias para obter comida, atravessando centros militares.
O novo sistema, implementado após o fim do cessar-fogo em março, restringiu a distribuição, deixando apenas três pontos no sul de Gaza. Isso ocorre após operações militares que esvaziaram o norte, forçando civis a se deslocarem.
O governo de Binyamin Netanyahu bloqueou a ajuda humanitária por 78 dias, liberando parcialmente somente em 19 de maio, quando a FHG assumiu o controle, sendo criticada pela ONU e por organizações de direitos humanos.
O Unicef expressou preocupação sobre o uso de reconhecimento facial para acesso à ajuda, considerado contrário aos princípios humanitários. A FHG é acusada de ter responsabilidades em mortes; até agora, foram reportadas 549 mortes e 3.799 feridos próximas aos centros de distribuição.
Pesquisas indicam que a situação de insegurança alimentar e hídrica nunca foi tão crítica. 93% da população enfrenta fome e 100% pode estar em risco até setembro. Os preços de alimentos dispararam, com custos exorbitantes para itens básicos, como US$ 20 por um quilo de farinha.
Além disso, 83% das terras cultiváveis foram danificadas pelos ataques, agravando ainda mais a crise alimentar em Gaza.