Fórum discute nova arquitetura global de financiamento para clima e natureza
Financiamento privado para a emergência climática requer multiplicação significativa até 2030, destacando a urgência de uma nova estrutura global. O 2º Fórum de Finanças Climáticas e de Natureza discutirá soluções para reunir os recursos necessários em meio a mudanças políticas e desafios do setor.
Financiamento climático precisa crescer 15 a 20 vezes para cumprir metas da ONU até 2030. Essa é a discussão central do 2º Fórum de Finanças Climáticas e de Natureza, no Rio de Janeiro, nos dias 26 e 27 de fevereiro.
O encontro antecede a COP30 em Belém e ocorre em um contexto de mudança na política climática dos Estados Unidos.
A necessidade de financiamento é de quase US$ 7 trilhões por ano até 2030, dos quais US$ 2,5 trilhões são destinados a economias em desenvolvimento (excluindo a China).
Patricia Ellen, do Instituto AYA, afirma que é um investimento em escala sem precedentes. Para mobilizar capital privado, os bancos de desenvolvimento devem triplicar investimentos até 2030.
Ela destaca a urgência em reduzir riscos de exposição cambial e "first loss". Segundo Ellen, é crucial criar mecanismos de financiamento mais avançados.
Maria Netto, do Instituto Clima e Sociedade, ressalta a importância de acessar recursos internacionais para que países emergentes cumpram as metas climáticas. A reforma do Sistema Financeiro Internacional é necessária para alavancar capital privado.
Num cenário de pressão política nos EUA, bancos e seguradoras recuam de metas climáticas. Contudo, Netto afirma que instituições financeiras ainda contabilizam riscos climáticos e buscam oportunidades no setor de energias renováveis no Brasil.
Patricia Ellen destaca que as empresas veem a questão como uma oportunidade de negócio e necessidade de sobrevivência.
Roberto Vianna, do Vieira Rezende Advogados, observa que a mudança de governo nos EUA diminui o apetite para investimentos de sustentabilidade, mas projetos relacionados à energia renovável continuam progressando.
O fórum é organizado por sete instituições, incluindo o Instituto Arapyaú e a Open Society Foundations.