Francisco foi o chefe de Estado mais progressista da Europa, e nem europeu era, diz Frei Betto
Frei Betto destaca a importância do legado progressista deixado pelo Papa Francisco e expressa preocupação com o futuro da Igreja após sua morte. Ele prevê um conclave complicado, com disputas internas e pressões externas por um novo líder que dê continuidade às reformas.
Frei Betto, escritor e teólogo dominicano, destaca que o Papa Francisco foi “o chefe de Estado mais progressista da Europa”, ressaltando sua origem latino-americana, “argentina”. Sua morte é considerada por Betto uma perda inestimável.
Francisco era conhecido por sua defesa da natureza e dos indígenas, além de promover discussões sobre o casamento homoafetivo e criticar o capitalismo indiretamente. Betto critica a degradação ambiental, que considera um resultado do capitalismo, afirmando que “é culpa dessa estrutura econômica”.
Ele espera que o novo papa dê continuidade às reformas iniciadas por Francisco, enquanto prevê um Conclave “longo e conflitivo”, com lobby dos Estados Unidos para eleger um cardeal americano, uma possibilidade considerada improvável por Betto. Ele acredita na eleição de um papa italiano, destacando cinco cardeais progressistas italianos fortes.
Em entrevista, Frei Betto afirmou que Francisco, apesar de seu respeito mundial, enfrentava aversão de conservadores. A Igreja Católica, segundo ele, é um “corpo conservador com a cabeça progressista” que agora precisa encontrar um sucessor comprometido com as reformas.
Ele também comentou sobre temas como a brecha entre a misoginia e o papel das mulheres na Igreja, a questão do casamento homoafetivo, e os desafios enfrentados no Sínodo da Amazônia, onde muitas propostas do Papa não foram aprovadas.
Por fim, ele menciona que o Conclave será crucial e que “toda a pressão cessará” uma vez que os cardeais estiverem reunidos. "Serão necessárias longas discussões", conclui.