Francisco, o 1º papa latino-americano e sua complicada relação com a América Latina
O papa Francisco deixou um legado complexo na América Latina, marcado por um distanciamento com sua terra natal e desafios significativos para a Igreja. Ao longo de seu pontificado, ele enfrentou a perda de fiéis e crises políticas na região, enquanto buscava enfatizar questões ambientais e sociais.
Arcebispo Bergoglio, o papa Francisco, faleceu aos 88 anos nesta segunda-feira. Ele se tornou o primeiro papa latino-americano em 13 de março de 2013, mas sua relação com a América Latina foi complexa.
Ao longo de seu papado, a Igreja Católica na região viu uma perda de mais de 70 milhões de fiéis, principalmente entre os setores médios e pobres. Muitos católicos migraram para comunidades evangélicas, segundo o analista Jorge Castro.
Francisco enfrentou a radicalização de regimes na Venezuela e na Nicarágua, além de um aumento da secularização na Argentina e no Chile. A eclosão de casos de abuso sexual também afetou seu relacionamento com a América Latina.
O papa começou seu pontificado com viagens significativas à América Latina, mas suas referências à região diminuíram por medo de uso político. Seu foco principal passou a ser a Amazônia e as mudanças climáticas.
Em entrevista à "Telan", reiterou a luta pela unidade da América Latina, mencionando o imperialismo. A promessa de retorno à Argentina sempre foi uma tarefa inacabada para ele.
As viagens do papa Francisco à América Latina incluiram:
- Brasil: 22-29 de julho de 2013, Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro.
- Ecuador, Bolívia e Paraguai: 5-12 de julho de 2015, pedidos de perdão aos indígenas.
- Cuba e EUA: 19-28 de setembro de 2015, atenção aos migrantes.
- México: 12-18 de fevereiro de 2016, abordagens sobre corrupção e migração.
- Colômbia: 6-11 de setembro de 2017, mensagem de reconciliação após acordos de paz.
- Chile e Peru: 15-21 de janeiro de 2018, defesa do povo mapuche.
- Panamá: janeiro de 2019, 34ª Jornada Mundial da Juventude, mobilização contra a pobreza.