Francisco, o reformador de uma Igreja em transição
Documentário de Wim Wenders explora a vida e a mensagem do Papa Francisco, destacando sua abordagem de ternura e simplicidade. Com uma narrativa íntima, o filme convida o espectador a refletir sobre a transformação social e espiritual que o pontífice propõe para o século XXI.
Francisco passa à minha frente, julho de 2013, Avenida Atlântica, Leme, em um carro aberto. Eu grito e peço sua bênção para um terço da minha madrinha falecida. Ele ri e faz o gesto da caridade.
Esse Francisco sorridente nomeou 80% dos cardeais que votarão no conclave a partir do dia 7. O documentário Papa Francisco: Um Homem de Palavra, de Wim Wenders, explora a mente de Jorge Mario Bergoglio, nascido em 1936.
Francisco era jesuíta, com longa formação em Filosofia e Teologia. Ele cresceu em Buenos Aires, um contexto que moldou sua visão.
No documentário, destacam-se:
- Sabedoria nas respostas e diálogos.
- Busca por um só ser humano e um só Deus.
- Defesa de uma vida plena e simples.
A Igreja de Francisco foi mais aberta, reconhecendo os pobres como seu principal público, defendendo um mundo moderno sem exageros. Sua visão de simplicidade resulta em um mundo mais sustentável.
O desafio é manter esse rumo na Igreja. O filme, agora na Netflix, não é um documentário comum. Wenders adota uma abordagem confessional, onde o Papa dialoga diretamente com o espectador.
Francisco propõe que a transformação do mundo começa com a ternura, cuidando dos pobres e preservando o planeta. Sua mensagem ultrapassa barreiras ideológicas.
Wenders evita a pressa, entrelaçando imagens e entrevistas. O foco é na coerência entre o discurso de Francisco e seu exemplo, embora o filme não explore críticas ao Vaticano.
O conceito da "revolução da ternura" é uma convocação para um novo olhar e ações. Para Francisco, ternura é a verdadeira coragem de amar em um mundo que ensina a endurecer.
Wenders oferece um espaço de silêncio e profundidade, ecoando o chamado para sermos homens e mulheres de ternura.
Coriolano Gatto é jornalista e ex-secretário da Pastoral Universitária da CNBB.