Frigoríficos brasileiros negociam com Vietnã para substituir exportações aos EUA
Comitivas dos frigoríficos brasileiros se reúnem com importadores vietnamitas para acelerar habilitação de plantas. Expectativas de um acordo comercial entre Mercosul e Vietnã visam aumentar a competitividade no mercado asiático.
A comitiva brasileira em busca de novos mercados para carne bovina esteve no Vietnã, que recentemente abriu suas portas para a proteína brasileira. A missão oficial ocorreu em Hanói, após negociações do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com autoridades vietnamitas.
Representantes de 17 frigoríficos e empresas do setor, incluindo JBS, Marfrig, Minerva e Masterboi, participaram de discussões com importadores locais. O objetivo foi acelerar o processo de habilitação sanitária de frigoríficos brasileiros.
Atualmente, o Vietnã avalia a habilitação de 86 frigoríficos; até agora, duas plantas da JBS foram aprovadas. Carlos Fávaro destacou a importância do Vietnã, que buscava abertura há mais de 20 anos, e a expectativa de habilitar mais plantas.
Durante os encontros, também foi sugerido um acordo de livre comércio entre Mercosul e Vietnã para reduzir tarifas. Concorrentes do Brasil, como Austrália e União Europeia, já desfrutam de vantagens tarifárias.
O Vietnã tem potencial para absorver até 100 mil toneladas de carne bovina por ano, posicionando-se entre os cinco maiores mercados para o Brasil. As exportações atualmente são baixas, mas o potencial é significativo.
A missão tem como meta avançar na abertura do mercado vietnamita, consolidando a posição do Brasil como líder global na exportação de carne bovina. Com apoio ministerial e diplomático, o Brasil busca reduzir a dependência do mercado americano.
Em junho, o Vietnã tornou-se país parceiro do Brics, o que facilita aproximações econômicas e diplomáticas, sem ser membro pleno do bloco. Isso ocorre em um contexto de chantagem tarifária por parte do governo dos EUA.
Além disso, Brasil e China estão criando um protocolo bilateral para certificação de produtos agropecuários, visando facilitar a exportação de carne e soja. O protocolo almeja alinhar práticas de sustentabilidade e aceitação de certificados brasileiros pela China.
As exportações brasileiras de carne bovina estão se diversificando, com o México ultrapassando os Estados Unidos em compras, agora ocupando a segunda posição entre os importadores, atrás apenas da China.