'Fui estuprada e espancada todos os dias': o abuso sistemático de jovens em ataques de gangues no Haiti
Crescimento da violência sexual no Haiti atinge níveis alarmantes, refletindo a influência crescente de gangues na sociedade. Relatos de sobreviventes revelam o uso do estupro como arma de controle e terror em comunidades locais.
Helene, uma jovem de 19 anos do Haiti, foi sequestrada por uma gangue aos 17 anos e mantida em cativeiro por mais de dois meses.
Durante esse período, ela sofreu estupro e violência constante, resultando em uma gravidez indesejada.
Ela escapou após um confronto entre gangues e agora vive com sua filha em um abrigo secreto em Porto Príncipe, que abriga 30 meninas e mulheres jovens.
A situação de violência sexual no Haiti aumentou significativamente com o crescimento do controle das gangues desde o assassinato do presidente Jovenel Moïse em 2021. Dados de Médicos Sem Fronteiras mostram que o número de jovens atendidas por abusos quase triplicou no país.
As gangues realizam ataques em massa, utilizando o estupro como uma tática para aterrorizar comunidades. Sobreviventes relatam agressões por múltiplos agressores, incluindo menores de idade.
Atualmente, mais de 1,3 milhão de pessoas estão deslocadas, e a violência resultou em mais de 4 mil mortes no primeiro semestre de 2025.
A situação se deteriora ainda mais enquanto gangues dominam 85% a 90% da capital, tornando o Haiti um dos lugares mais perigosos do mundo para mulheres, como alertado pelo PMA.
A diretora regional do PMA destaca que cortes na ajuda humanitária estão afetando os serviços essenciais, como apoio a vítimas de violência e métodos contraceptivos.
Helene teme pelo futuro de sua filha e pela própria capacidade de sustentar uma família em meio ao caos social e econômico.