Galípolo diz que Campos Neto foi 'ultrageneroso' e que 'não daria frase que me colocaria contra Haddad'

Presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, declarou estar "absolutamente de acordo" com as decisões recentes do Comitê de Política Monetária (Copom). Essa afirmação foi feita em resposta ao ministro Fernando Haddad, que comentou sobre a Selic em 15%, atribuída a decisões do ex-presidente Roberto Campos Neto.

Durante entrevista coletiva sobre o Relatório de Política Monetária (RPM), Galípolo descreveu Campos Neto como "ultrageneroso" por permitir um "protagonismo maior" a ele nas reuniões do Copom.

Haddad expressou preocupação com a Selic alta, considerando-a "muito restritiva" e disse que a elevação foi "contratada" na última reunião com Campos Neto. Galípolo ressaltou a **importância do diálogo** com Haddad, mas evitou comentar a trajetória da política monetária de maneira negativa sobre o governo.

Galípolo reafirmou que o Banco Central está "comprometido" com a meta de inflação, e destacou que existem "vários caminhos" para alcançá-la. Ele também mencionou que os juros atuais não refletem diretamente a Selic devido às defasagens da política monetária.

Ele admitiu a dificuldade em identificar ganhos de produtividade além do setor agropecuário e observou que as revisões de crescimento econômico têm sido frequentes. Galípolo afirmou que alterações estruturais, como no PIB potencial, não são feitas com frequência para evitar volatilidade.

Diogo Guillen, diretor de política econômica do BC, mencionou que a atividade econômica surpreendeu recentemente, o que levou à revisão das estimativas de hiato, indicando uma resiliência da atividade econômica relacionada ao mercado de trabalho e crédito.

Guillen também comentou sobre a transparência das estimativas do hiato projetado, afirmando que a publicação de dados mais completos requer discutir suas implicações cuidadosamente.