Galípolo diz que IOF não deveria ser usado para arrecadação e nem para apoio à política monetária
Presidente do Banco Central defende uso do IOF apenas como instrumento regulatório e expressa preocupação com impactos no mercado financeiro. Ele também comentou sobre a PEC da Autonomia Financeira, destacando avanços nas negociações no Senado.
Presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) não deve ser utilizado nem para arrecadação, nem para apoiar a política monetária, pois é um imposto regulatório.
No debate promovido pelo Centro de Debate de Políticas Públicas (CDPP), em São Paulo, ele destacou que ainda há discussões sobre o modelo final do IOF, com a necessidade de uma avaliação cautelosa sobre como o aumento do imposto será incorporado às projeções da autoridade monetária.
Galípolo não foi consultado pelo Ministério da Fazenda antes do anúncio do decreto que aumentou o IOF em operações de câmbio, crédito de empresas e previdência privada, e declarou que o Banco Central é contrário à medida, prevista para arrecadar R$ 20 bilhões em 2023 e R$ 41 bilhões em 2024.
Após a repercussão negativa no mercado financeiro, a Fazenda recuou em um ponto do decreto, desistindo de tributar fundos de investimentos brasileiros no exterior, embora tenha mantido a contenção de despesas de R$ 31 bilhões no Orçamento deste ano.
Sobre a PEC da Autonomia Financeira do Banco Central, Galípolo mencionou avanços nas negociações com o Senado e o apoio do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Ele refutou falsas alegações de que a autonomia seria como um “cheque em branco” e destacou que isso implicará mais responsabilidade e transparência.
O foco da PEC, segundo ele, está no regime trabalhista dos servidores do banco. Sobre a meta de inflação de 3%, Galípolo foi sucinto, afirmando que é uma grande conquista e que o debate já foi superado, mas enfatizou que é melhor trazer a inflação rapidamente para o centro da meta.