Gasto com saúde precisará crescer R$ 10 bi ao ano, diz IFI
Crescimento no financiamento para saúde é necessário para evitar estrangulamento orçamentário a partir de 2026. O estudo da IFI destaca a disparidade entre os gastos do Brasil e a média da OCDE em relação ao setor.
A IFI (Instituição Fiscal Independente) do Senado indicou que o gasto com saúde no Brasil deve crescer, em média, 3,9% ao ano, totalizando R$ 10 bilhões adicionais anuais nos orçamentos públicos.
Esse dado foi revelado no estudo “Cenários de longo prazo para a necessidade de financiamento da saúde”, do economista Alessandro Casalecchi, publicado em 7 de julho de 2025.
Casalecchi advertiu: “A evolução da necessidade de financiamento irá esbarrar no arcabouço fiscal já em 2026”, caso a demanda seja atendida sem cortes em outras áreas.
O aumento de 3,9% supera o reajuste anual do orçamento federal, limitado a 2,5% por um marco fiscal de 2023.
O estudo projeta as necessidades de financiamento de 2025 a 2070, identificando um estrangulamento orçamentário crescente para o setor.
A IFI constatou que o Brasil gasta 4,1% do PIB no setor público e 5,0% no privado. O gasto total em saúde em 2022 foi de 9,8% do PIB, acima da média de 9,2% da OCDE.
A despesa per capita brasileira em saúde foi de US$ 1.573, bem abaixo da média da OCDE, que foi de US$ 4.986.
Embora o Brasil tenha um alto percentual do PIB dedicado à saúde, a combinação do seu perfil demográfico e econômico resulta em um financiamento por habitante três vezes menor que a média da OCDE.
Além disso, o Brasil destina apenas 45% dos gastos ao Sistema Único de Saúde (SUS), contrastando com a média da OCDE de 76%.
Atualmente, 23,5% da população brasileira, ou cerca de 52 milhões de pessoas, são cobertas por planos de saúde, enquanto 76,5% dependem exclusivamente do SUS.
Para alinhar os gastos ao nível médio da OCDE, seria necessário aumentar o gasto com saúde de 9,1% do PIB para 19,0%, um desafio pouco plausível a curto prazo.