Gestores aumentam aposta em corte de juros, mas continuam cautelosos com bolsa
Gestores de fundos multimercados esperam queda na Selic e juros reais no Brasil, enquanto mantêm uma visão neutra sobre ações. O otimismo se concentra no crescimento econômico, apesar das preocupações com a inflação e contas do governo.
Gestores de fundos multimercados estão aumentando as apostas na queda dos juros nominais e reais no Brasil, segundo estudo da Empiricus com 40 gestoras. No entanto, as expectativas para as ações brasileiras permanecem estáveis, causando preocupação entre investidores otimistas.
O levantamento foi realizado entre 2 e 8 de maio. A percepção dos gestores sobre juros é quase otimista, enquanto o sentimento sobre ações é neutro. As opiniões sobre as contas do governo e a inflação são pessimistas, mas o otimismo aumenta para o crescimento econômico.
O Ibovespa subiu mais de 15% em 2023 e 2% em maio, beneficiado pela expectativa de fim da alta da Selic, atualmente em 14,75%. O Copom sinaliza que a Selic pode permanecer nesse nível por um tempo. Economistas, no entanto, alertam para possíveis novas altas caso a inflação ou a economia se reaqueçam.
O cenário nos Estados Unidos está mudando, com investidores deixando o país devido à turbulência tarifária. O acordo China-EUA ameniza o medo de recessão. Contudo, há incertezas sobre a continuidade desse fluxo para o Brasil.
Além das dificuldades brasileiras, como gastos governamentais e resultados corporativos impactados pela alta de juros, a Empiricus também questionou os gestores sobre a bolsa americana. Cresceram as apostas na queda da bolsa dos EUA e na baixa dos juros dos títulos do Tesouro de dois anos. A confiança em relação às contas do governo dos EUA piorou.
Em relação aos investimentos de risco, 52% dos gestores planejam aumentá-los nos próximos seis meses, enquanto 45% manterão o nível atual. Somente 3% pretendem diminuí-los. A maioria (61%) acredita que o risco de recessão nos EUA está entre 25% e 50%.
Os principais riscos para os mercados globais incluem, nessa ordem: desaceleração econômica, desequilíbrio fiscal, deterioração nas relações comerciais e conflitos geopolíticos.