Gestores correm para garantir benefício em debêntures incentivadas
Gestores de fundos intensificam captações de debêntures incentivadas, prevendo um aumento nas emissões antes da possível alteração nas isenções fiscais. A demanda por títulos ligados à infraestrutura cresce, com investidores buscando retornos atrativos em um cenário de altas taxas de juros.
Gestores de fundos de crédito no Brasil estão correndo para aproveitar o crescente interesse por debêntures incentivadas. A demanda é impulsionada pelo "medo de ficar de fora" (FOMO), ante possíveis reduções nos benefícios fiscais.
Gestoras como Sparta Fundos de Investimento e Absolute Investimentos estão retomando captações, focando em títulos isentos, especialmente os ligados à infraestrutura. A JGP Asset Management planeja lançar dois novos fundos até o final do ano.
Um imposto de 5% sobre rendimentos foi proposto para o próximo ano, parte da estratégia do governo para reduzir o déficit orçamentário. A medida ainda precisa ser aprovada pelo Congresso.
A chefe de crédito privado da Itaú Asset Management, Fayga Delbem, observa que o mercado já reagiu às expectativas sobre a nova legislação, com aumento no fluxo de investimentos e fechamento de spreads.
Os títulos vinculados à infraestrutura tiveram rendimentos reduzidos em 15 pontos-base após o anúncio da proposta, conforme dados até julho.
Os investidores brasileiros têm buscado renda fixa, atraídos por retornos de dois dígitos em um cenário de altas taxas de juros. O Banco Central defende cautela na política monetária devido à incerteza econômica.
A demanda por títulos isentos permanece forte, principalmente entre investidores locais, enquanto o interesse de investidores estrangeiros é limitado.
A assessoria legal de Bruno Massis aponta um aumento nas emissões de títulos incentivados, prevendo que os emissores devem agir antes da implementação da nova regra.
As vendas de debêntures incentivadas já estavam em alta, com um recorde de R$ 74,5 bilhões no primeiro semestre de 2025, refletindo um aumento de 15,7% em relação ao ano anterior.
A JGP está acelerando seus planos de captar R$ 600 milhões em dois fundos de infraestrutura. A gestora administra R$ 35 bilhões e investiu R$ 250 milhões em títulos logo após a proposta do governo.
Ulisses Nehmi, da Sparta, prevê um aumento em seus ativos, enquanto Daniela Gamboa da SulAmerica Investimentos, alongou suas carteiras de infraestrutura, apostando na recuperação dos spreads.
A Absolute Investimentos reabriu fundos com o objetivo de acessar uma maior base de clientes, projetando oportunidades antes da potencial mudança nas regras fiscais.