Gol levanta bilhões para sair do “Chapter 11”, mas BBI vê pouco voo para acionista
Gol assegura financiamento de US$ 1,9 bilhão para viabilizar saída do Chapter 11, mas analistas mantêm recomendação negativa. Com crescimento da receita, companhia enfrenta desafios devido à diluição do capital acionário prevista no plano de reestruturação.
A Gol Linhas Aéreas (GOLL4) confirmou um financiamento de US$ 1,9 bilhão (cerca de R$ 10,8 bilhões) nesta sexta-feira (16), fundamental para sua recuperação judicial nos Estados Unidos (Chapter 11).
O Bradesco BBI considera essa conquista um avançado importante para a saída do Chapter 11, prevista até junho deste ano. Após o anúncio, as ações da Gol subiram 3,16%, cotadas a R$ 0,98.
Apesar disso, o banco manteve a recomendação underperform (desempenho inferior) para os papéis da empresa, com preço-alvo de R$ 0,50, devido à diluição acentuada do capital acionário prevista no plano de reestruturação, que pode converter até US$ 2,7 bilhões em dívidas para ações.
A Gol prioriza reorganizar sua estrutura de capital para garantir a operação, o que resulta na redistribuição dos papéis. O Bradesco BBI destaca que o ganho potencial para investidores atuais é limitado.
Do financiamento, US$ 1,25 bilhão virá dos fundos Castlelake e Elliot Investment Management. A participação de um grupo ad hoc de detentores de títulos da Gol foi reduzida de US$ 125 milhões para US$ 50 milhões após novos investidores aportarem mais recursos.
Gol captação superou expectativas, arrecadando R$ 796,9 milhões ao invés dos R$ 495,5 milhões necessários. Isso permitiu condições mais vantajosas, reduzindo a taxa de juros do financiamento de 14,625% para 14,375%.
A notícia do financiamento ocorre um dia após a Gol divulgar um lucro líquido de R$ 1,376 bilhão no primeiro trimestre de 2025, 63,7% inferior ao mesmo período do ano anterior, com Ebitda de R$ 1,236 bilhão e receita líquida de R$ 5,6 bilhões, um crescimento de 19,4%.
No fechamento do trimestre, a Gol tinha R$ 4,6 bilhões em caixa e equivalentes. No entanto, a dívida bruta consolidada subiu para R$ 33,2 bilhões, um aumento de 40% em relação ao primeiro trimestre de 2024.