Governo Netanyahu enfrenta nova pressão após saída de partido ultraortodoxo
Partido ultraortodoxo se retira da coalizão de Netanyahu após impasse sobre alistamento militar. A decisão acentua a crise política em meio a um contexto de guerra e crescente pressão sobre o governo.
O partido Judaísmo Unido da Torá (UTJ) deixou a coalizão do governo de Binyamin Netanyahu devido a disputas sobre o alistamento militar obrigatório para judeus ultraortodoxos.
Seis membros do UTJ renunciaram a cargos em comissões e ministérios, enquanto o presidente da sigla, Yitzhak Goldknopf, já havia renunciado há um mês.
Com a saída do UTJ, Netanyahu mantém uma maioria mínima de 61 assentos no Knesset, que possui 120 cadeiras. O partido ultraortodoxo Shas pode seguir o mesmo caminho.
A coalizão enfrenta crises internas: os ultraortodoxos ameaçaram votar pela dissolução do Knesset e avanços em uma proposta de lei que acaba com a isenção do serviço militar para eles.
O serviço militar é obrigatório para a maioria dos cidadãos israelenses, mas os ultraortodoxos, que representam 13% da população, geralmente recebem isenções para estudar em seminários religiosos.
Com a guerra em Gaza em curso, esse tratamento diferenciado se torna ainda mais polêmico, em meio à maior mobilização militar desde 1973.
A saída do UTJ entra em vigor em 48 horas, dando a Netanyahu dois dias para resolver a crise. O recesso parlamentar começa no fim de julho, permitindo mais três meses para encontrar uma solução.
Israel teve cinco eleições em menos de quatro anos, com dificuldades em formar coalizões estáveis. Netanyahu conseguiu a aliança mais à direita na última eleição, em novembro de 2022.
Além disso, o premiê enfrenta pressão nas negociações de um cessar-fogo em andamento no Qatar, envolvendo o Hamas e a libertação de reféns israelenses.
Os ministros Itamar Ben-Gvir e Bezalel Smotrich querem a continuidade das ofensivas militares, mas Netanyahu pode conseguir aprovar um cessar-fogo mesmo sem seu apoio.
Após os ataques do Hamas em outubro de 2023, Israel convocou 360 mil reservistas, e muitos estão se recusando a continuar lutando devido ao desgaste.
No contexto da isenção para religiosos, a Suprema Corte israelense declarou as isenções ilegais em 2017, mas o governo, liderado por Netanyahu, adiou soluções para o problema.