Governo vê investigação dos EUA como tentativa de embasar tarifa para evitar disputas judiciais
Governo brasileiro considera investigação do USTR como um desafio adicional às relações comerciais com os EUA. Empresários recomendam prorrogação das tarifas para evitar impacto negativo no setor exportador.
BRASÍLIA – O governo Lula avalia que a investigação do USTR (Escritório do Representante Comercial dos EUA) sobre práticas comerciais brasileiras é uma investida para justificar tarifas de 50% e evitar contencioso local.
Um integrante do Executivo relatou que a investigação era esperada e a menção ao etanol também não surpreendeu. No entanto, a situação é classificada como “preocupante” e acrescenta dificuldades ao processo.
O agradecimento da secretária de Agricultura dos EUA, Brooke Rollins, ao USTR evidencia a ofensiva em defesa do setor agropecuário americano.
Embora mantenha o governo em alerta, uma análise inicial sugere que a investigação será demorada, com veredictos só conhecidos após o prazo estipulado por Donald Trump para a sobretarifa, em 1º de agosto.
Exportadores brasileiros temem a entrada em vigor da alíquota. Empresas recomendaram ao governo uma prorrogação de 90 dias, como feito nas negociações com a China, mas o vice-presidente Geraldo Alckmin sinalizou que isso não é prioridade.
A intenção por trás do acionamento do USTR é evitar que produtores e importadores americanos acionem a Justiça local contra a sobretarifa, argumentando falta de justificativa econômica. A elevação da alíquota já impacta a economia americana, aumentando a inflação.
O professor de economia Jorge Arbache vê na ação do USTR uma pressão para que o Brasil adote posições geopolíticas que normalmente evita. Temas sensíveis como comércio digital e propriedade intelectual estão em jogo, impactando toda a economia brasileira.
Ele destacou as potenciais consequências: saída de empresas brasileiras para os EUA, perda de atratividade para investimentos, aumento de custos de produção, retração nas exportações e restrições tecnológicas.
Arbache sugere que o Brasil deve considerar temas como afastamento da China e facilitação de negócios americanos em território brasileiro.
Recomendação: O Brasil deve agir com firmeza na defesa de seus interesses estratégicos, pois qualquer ação será analisada internacionalmente, impactando a economia e a geopolítica no curto e longo prazo.