Governos regionais na China exportam carros novos como usados, inflando dados de vendas
Prática de exportação de carros "quilômetro zero" pela indústria automobilística chinesa gera polêmica, com governos locais incentivando vendas para cumprir metas econômicas. Especialistas alertam sobre possíveis impactos negativos na imagem das marcas chinesas no exterior e na concorrência internacional.
A indústria automobilística chinesa enfrenta críticas pelo aumento das vendas de carros "quilômetro zero", que são veículos novos registrados como usados para exportação.
Esses carros, nunca dirigidos, são vendidos para mercados como Rússia, Ásia Central e Oriente Médio, inflacionando as vendas e permitindo que as montadoras se livrem de estoques difíceis de vender no país.
Segundo Tu Le, da Sino Auto Insights, "é resultado de uma guerra de preços que deixou as empresas desesperadas por vendas."
A prática começou a ganhar notoriedade após críticas do chefe da montadora Great Wall Motor em maio. O People's Daily condenou a venda de carros usados "quilômetro zero", alegando que derrubam preços devido à guerra de preços no mercado interno.
Apesar das críticas, governos locais na China apoiam a exportação desses veículos, considerando essencial para cumprir metas de crescimento econômico. A Reuters identificou 20 governos locais que incentivam essa prática.
As táticas incluem a criação de licenças extras, agilização de reembolsos de impostos e investimento em infraestrutura de exportação.
O mecanismo envolve a compra de carros novos que são registrados como usados imediatamente após sair da linha de montagem, permitindo que as montadoras contabilizem vendas e receitas.
Essa estratégia, além de inflar vendas, agrava a wars de preços no mercado interno e provoca acusações de dumping no exterior. Especialistas temem que isso possa prejudicar a imagem das marcas chinesas.
A crescente prática de comercialização de "quilômetro zero" já representa cerca de 90% das 436 mil exportações estimadas em 2024.
Críticos apontam para o influxo desses veículos em mercados locais, indicando uma possível superlotação e confusão para consumidores. Países como a Rússia e Jordânia começaram a reagir com novas regulamentações.
Enquanto isso, o mercado se torna cada vez mais caótico com a entrada de novos concorrentes, ampliando a incerteza na indústria automotiva.