Greve na Receita pode atrasar restituição do IR e travar R$ 14 bi em tributos
Greve dos auditores da Receita Federal já causa atrasos significativos nas restituições do Imposto de Renda e gera perdas milionárias na arrecadação. A categoria pede aumento salarial e critica a falta de reajustes, enquanto o governo defende os bônus já concedidos.
A greve dos auditores da Receita Federal, que já dura mais de quatro meses, pode provocar atrasos na restituição do Imposto de Renda em 2025.
O Sindifisco Nacional informa que a paralisação está causando instabilidade nos serviços da Receita, especialmente no comércio exterior. Em assembleia, mais de 5.600 auditores reafirmaram sua adesão à greve.
A principal demanda da categoria é o aumento do salário-base de R$ 29 mil. Eles criticam o governo por não conceder aumentos a esta carreira, ao contrário de outras do funcionalismo público.
A greve já impactou a declaração pré-preenchida do Imposto de Renda, liberada apenas em 1º de abril, duas semanas após o início do prazo oficial. Desta vez, não foi divulgada a tradicional cartilha de perguntas e respostas.
De acordo com o Sindifisco, estima-se que R$ 14 bilhões em tributos deixaram de ser arrecadados devido à lentidão nos trâmites fiscais. No Carf, discussões que somam R$ 145 bilhões estão paralisadas, e no comércio exterior, os prejuízos logísticos já chegam a R$ 3,5 bilhões, afetando mais de 600 mil encomendas.
A categoria pede a elevação do salário-base para R$ 32 mil a partir de 2025, citando perdas inflacionárias desde 2016. O governo argumenta que os auditores receberam um bônus de produtividade de cerca de R$ 3.000 mensais e que tiveram um aumento de 9% em 2023.
O Ministério da Gestão e Inovação defende que o bônus aumenta a remuneração total, mas o sindicato argumenta que ele não deve ser considerado parte do salário.
O impasse continua sem previsão de solução, aumentando o risco de atrasos na restituição do Imposto de Renda e pressionando o governo diante de uma arrecadação abaixo do esperado.