Guardiões de sementes adaptam grãos para enfrentar seca e garantir alimentos no sertão de PE
Guardadas por agricultores, sementes crioulas são fundamentais para a segurança alimentar em regiões áridas do Brasil. Essa prática milenar preserva a diversidade agrícola e proporciona autonomia aos pequenos produtores frente a mudanças climáticas.
As sementes do sertão que resistem a secas
O Brasil possui uma rica diversidade alimentar, que vai além do arroz e feijão, preservada por agricultores chamados guardiões de sementes crioulas. Eles adaptam sementes ao clima local, garantindo alimento em períodos difíceis, como longas secas.
Esta reportagem faz parte da série "PF: prato do futuro", do g1.
Em Pernambuco, conhecemos Chico Peba, que cultiva feijões e milhos nativos, e um banco coletivo de sementes que funciona através de empréstimos na comunidade de Passagem das Pedras.
Sementes crioulas se tornam variedades locais ao serem cultivadas por longos períodos, mas não podem ser transgênicas. Elas são adaptadas para resistência a climas extremos e pragas. Chico Peba ressalta que sementes comerciais não são adequadas para seu clima semiárido.
A preservação de sementes crioulas proporciona autonomia alimentar e redução de custos. Agricultores dependentes do mercado enfrentam altos preços e escassez de variedades úteis.
A produção global de sementes padronizadas tem reduzido a diversidade de grãos, impactando tradições alimentares. O envelhecimento da população rural e mudanças climáticas também contribuem para esta diminuição.
O Brasil possui bancos comunitários de sementes, como o do Polo da Borborema na Paraíba, que funciona em sistema de empréstimos. A semente devolvida deve estar livre de agrotóxicos e transgênicos.
A diversidade no plantio, com diferentes variedades de cada alimento, é uma prática comum entre agricultores do semiárido, garantindo segurança alimentar em situações de variação climática.
"É isso o que dá a soberania, segurança alimentar e nutricional para as famílias", conclui Roselita, agricultora de Remígio (PB).