'Guerra ao Airbnb': a ofensiva do governo da Espanha contra aluguel turístico em meio a crise de moradia
Governo espanhol busca conter a exploração de imóveis turísticos em meio a protestos por habitação. Medida visa garantir moradia para residentes enquanto a demanda por turismo continua a crescer.
A Espanha solicitou a remoção de quase 66 mil imóveis do Airbnb por descumprimento de normas para hospedagem turística.
A medida surge em meio a protestos contra o turismo excessivo, especialmente em localidades como Ilhas Canárias, onde milhares de pessoas se manifestaram no dia 18 de maio.
O Ministro dos Direitos Sociais, Pablo Bustinduy, declarou que os imóveis violaram várias normas relacionadas à habitação. A decisão judicial em Madri determinou a retirada imediata de 4.984 imóveis citados pelo ministério.
As propriedades estão nas regiões: Madri, Andaluzia, Catalunha, Comunidade Valenciana, País Basco e Ilhas Baleares.
O ministério aguarda decisões sobre 60 mil imóveis adicionais sob suspeita de irregularidades.
Os anúncios questionados não apresentaram número de licença, informaram dados incorretos ou não esclareceram o status legal do proprietário, comprometendo a moradia local.
Bustinduy classificou a decisão judicial como "uma vitória clara pelo direito à moradia", garantindo que interesses econômicos não prevalecerão.
A crise de moradia na Espanha se intensificou com o aumento dos aluguéis, que dobraram na última década, enquanto os salários não acompanharam. Muitos associam imóveis turísticos a essa problemática.
A Espanha, o segundo destino turístico mais visitado do mundo, recebeu 94 milhões de visitantes em 2024, com um aumento de 13% comparado ao ano anterior.
O Primeiro-Ministro, Pedro Sánchez, destacou: "Há Airbnbs demais e moradias de menos". Algumas cidades, como Barcelona, já iniciaram ações contra o Airbnb.
A plataforma reagiu afirmando que irá recorrer da decisão judicial e que a responsabilidade das informações nos anúncios cabe ao anfitrião, não ao Airbnb.
O Airbnb criticou a política de habitação da Espanha, ressaltando que a falta de oferta é a raiz da crise de moradia, e que regular a plataforma não resolveria o problema.
Protestos contra o turismo excessivo devem continuar, com ações planejadas nas Ilhas Canárias e em Maiorca, onde o grupo Menys Turisme, Més Vida organiza manifestações.