Há 50 anos independente, Moçambique busca novo projeto de país
Celebrações de independência ocorrem em meio a uma crise política e social crescente. Movimentos de oposição e protestos refletem o descontentamento popular com a atual gestão da Frelimo.
Moçambique completa 50 anos de independência, celebrado nesta quarta-feira (25), em um contexto de instabilidade política e crise de representação.
A independência resultou de anos de luta armada contra Portugal, estabelecendo um regime socialista em plena Guerra Fria.
O país vive um cenas de violência após a eleição contestada de outubro, com a oposição à Frelimo denunciando fraudes.
Protestos em várias regiões, incluindo a capital Maputo, resultaram em mais de 300 mortes e milhares de feridos.
Embora um diálogo interpartidário tenha reduzido protestos, críticos apontam sua falta de representatividade, especialmente entre os jovens.
Segundo Elisio Macamo, sociólogo da Universidade de Basileia, a crise do sistema político é uma crise de representação comum a diversos países.
A comissão técnica para reformas constitucionais não inclui o principal opositor à Frelimo, Venâncio Mondlane, que contesta os resultados eleitorais e se considera o presidente eleito.
Mondlane, que rompeu com o Podemos, foi convidado para o Conselho de Estado, que teve reunião cancelada.
Nesta semana, ele divulgou uma convocatória à Procuradoria-Geral, refletindo a tensão política persistente.
Moçambique ocupa a 182ª posição no ranking de Desenvolvimento Humano, com um PIB per capita de US$ 1.677 e uma dívida pública de 78,9% do PIB.
Alexandre Marcussi, professor da USP, destaca que o neocolonialismo econômico persiste mesmo após a independência.
A história política, marcada por violência pós-eleitoral, começou com a guerra civil entre Frelimo e a Renamo, e permanece presente nas eleições desde 1994.
Macamo afirma que a Frelimo perdeu o rumo ao se considerar a única guia da nação, o que impede mudanças.