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Harlem, o racismo e a fraqueza do bando

Reflexões sobre racismo e identidade marcam a experiência de viagem da autora em Nova York. Entre o desconforto e a resistência, um episódio no Harlem revela as complexidades da memória histórica e do reconhecimento social.

Experiência no Harlem

Na minha primeira visita a Nova York na década de 1990, me hospedei em Manhattan e decidi visitar o Harlem. Meu amigo me avisou sobre os riscos para pessoas brancas no bairro, mas, ignorante, acreditei que o racismo era um problema do passado.

Ao entrar no ônibus, vi um pôster sobre Rosa Parks, que me fez questionar minha resistência ao medo. Mantenho que o racismo ressurgiu com o disfarce de anti-racismo.

Durante a viagem de pé, conversei com um gentil motorista negro. Ao descer, me deparei com um orador negro cercado por um público predominantemente masculino e negro, que discursava sobre injustiças passadas. Ele pediu para eu responder de onde eu era. Após hesitação, confirmei que era do Brasil, mas ele insistiu sobre minhas raízes originais.

Ao mencionar a Alemanha, fui atacada verbalmente, sendo considerada responsável por atrocidades históricas. O orador clamou que eu deveria me ajoelhar e pedir perdão ao seu povo, momento que desencadeou em mim um medo intenso.

Decidi não ceder à pressão, respondendo com um “Vai pro inferno” e saí apressadamente, procurando abrigo em um pequeno museu sobre escravidão. Lá, refleti sobre a pergunta que nunca me abandonou: quem realmente ganha com o racismo?

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