Herança da eleição de 2026 pode ser muito cara, diz Marcos Lisboa sobre gastos do governo
Economista alerta para os riscos fiscais que podem afetar a próxima eleição, destacando a necessidade de enfrentar as inconsistências no arcabouço fiscal do governo. Ele enfatiza que medidas populistas podem agravar a situação da dívida pública e promover desequilíbrios econômicos.
Preocupação com eleição de 2026 é expressa por Marcos Lisboa, economista e ex-secretário de Reforma Econômica, que teme que medidas do governo atual visem aumentar a popularidade às vésperas do pleito.
"Espero que não vivamos um 2013 de novo", afirma Lisboa em entrevista à EXAME, referindo-se ao impacto negativo que uma eleição pode ter na economia.
A principal inquietação de Lisboa é sobre a falta de consistência do arcabouço fiscal, que, segundo ele, não controla o crescimento das despesas públicas nem a trajetória da dívida em relação ao PIB.
Lisboa alerta para uma “armadilha”, onde o aumento da receita resulta em aumento de despesas, e critica o governo por tentar adiar a solução desse problema.
- Atualmente, a dívida pública do Brasil é de 76,1% do PIB, bem acima da média de 60% dos pares emergentes.
- Expectativa de crescimento da dívida pode ultrapassar 80%.
Ele argumenta que o teto de gastos, implementado no governo Michel Temer, teve efeitos positivos, como a queda da taxa de juros e da inflação.
Lisboa alerta que um impulso fiscal forte pode gerar desequilíbrios, como o aumento da dívida e da taxa de juros, resultando em um custo grave no futuro.
Ele classifica a guerra tarifária dos EUA como desastrosa para a economia global e para o Brasil, enfatizando que o governo americano age de forma semelhante ao que o Brasil tem feito ao longo dos anos, promovendo uma economia protetora e dominada por lobbies.
"O Brasil não é pobre à toa", conclui Lisboa, ressaltando que é preciso ter cautela diante das políticas protecionistas.