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Igreja nomeia padre condenado por estupro e abre crise na França

Nomeação de padre condenado por estupro causa indignação na Igreja Católica Francesa. A revelação gera críticas e um apelo para revisão da decisão na arquidiocese de Toulouse.

Dominique Spina, padre no sudoeste da França, foi condenado em 2006 a cinco anos de prisão por estupro de um estudante de 16 anos, mas foi nomeado em junho para um cargo importante na arquidiocese de Toulouse.

A revelação causou uma crise na igreja católica francesa. Spina se tornou chanceler, responsável pelos arquivos de batizados, crismas e casamentos. Alain Esquerre, porta-voz de um grupo de vítimas, declarou que a nomeação é um "tapa na cara" das vítimas de abuso sexual.

O arcebispo Guy de Kerimel, 72, justificou a indicação como um ato de "misericórdia", afirmando que Spina “demonstrou abnegação e integridade”. Contudo, Hervé Giraud, outro arcebispo, pediu que a misericórdia fosse direcionada às vítimas.

O caso que resultou na condenação de Spina ocorreu em 1993. Ele era capelão e foi denunciado por um ex-aluno. Embora tenha confessado, retirou a confissão posteriormente. Após cumprir parte da pena, foi transferido para Toulouse.

Em 2009, o Mediapart revelou que Spina ainda participava de retiros preparatórios à primeira comunhão, embora a arquidiocese garantisse que ele não tinha contato com crianças.

A controvérsia está ligada a um escândalo de abuso na escola Notre-Dame de Bétharram, com centenas de vítimas entre 1950 e 2010. O atual primeiro-ministro François Bayrou é acusado de ter conhecimento das denúncias, mas nega.

Em abril, a filha de Bayrou revelou ter sido agredida por um padre, e um relatório de 2021 apontou que mais de 200 mil pessoas foram vítimas de abusos sexuais cometidos por religiosos católicos na França, entre 1950 e 2020.

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