Importação de café pelo Brasil esbarra em escassez e questões fitossanitárias, diz setor
A isenção de tarifas de importação para o café entra em vigor, mas especialistas apontam que a medida não será suficiente para aliviar a inflação, devido à escassez global e restrições fitossanitárias. Enquanto isso, a produção nacional de café deve se recuperar nas próximas safras, com expectativas de colheitas superiores às estimativas oficiais.
A isenção de tarifa de importação para café, que se inicia hoje (14), deve ter pouco impacto na inflação brasileira, segundo especialistas do setor. A escassez global do produto e barreiras fitossanitárias são apontadas como principais fatores.
O Brasil, maior produtor e exportador de café, enfrenta preços em alta, com um aumento aproximado de 70% em 2024. Esse cenário surge após quebras de safra e exportações recordes para compensar a baixa produção em países como o Vietnã.
O presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Silas Brasileiro, ressaltou que a isenção da taxa de 9% não ajudará na importação devido às questões fitossanitárias e altos custos de transporte. Apenas Vietnã e Peru têm potencial para exportar café ao Brasil.
A Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics) reforçou que a tarifa zero não é eficaz. Em vez disso, Brasileiro sugere uma redução dos juros e medidas para minimizar os custos dos agricultores com combustíveis.
O CNC projeta uma safra de café em 2025 de 60 a 62 milhões de sacas de 60 kg, superior às estimativas do IBGE e Conab. A capacidade do Brasil, segundo Brasileiro, poderia alcançar 80 milhões de sacas caso o clima seja favorável.
Uma safra normal poderia resultar em queda significativa nos preços, que atualmente giram em torno de R$ 3.000 a saca, beneficiando tanto o consumo quanto a indústria.