Impulso fiscal poderá limitar cortes na Selic, diz Ana Paula Vescovi, do Santander
Economista avalia que o cenário eleitoral pode complicar os cortes da Selic, enquanto a pressão fiscal e a desaceleração econômica moldam as expectativas para o médio prazo. A necessidade de um freio nas despesas públicas é essencial para garantir a trajetória sustentável da dívida.
A economia brasileira enfrenta um cenário complexo, segundo Ana Paula Vescovi, diretora de macroeconomia do Santander Brasil.
A taxa de juros elevada, que alcançou 15% ao ano, está começando a impactar a atividade econômica, reduzindo a inflação e desacelerando o crescimento.
Contudo, impulsos fiscais devem aumentar, especialmente com as eleições se aproximando, pressionando o Banco Central.
Isso se reflete na possibilidade de cortes de juros, que podem começar no primeiro trimestre de 2026, com uma redução prevista de apenas dois pontos percentuais.
Vescovi alerta que medidas fiscais como pagamento de precatórios e programas do governo negociarão gastos que podem criar uma pressão expansionista na economia.
Para a economista, é crucial um “freio de arrumação” no campo fiscal, a fim de estabilizar a dívida pública. O Congresso deve agir rapidamente para aprovar medidas concretas que ajudem a desacelerar despesas obrigatórias.
Ela observa que a atividade econômica já mostra sinais de fraco crescimento, com o setor industrial e de varejo ficando praticamente estáticos.
O nível de ocupação no mercado de trabalho também se acomoda, mesmo que os salários reais estejam em alta.
Além disso, Vescovi menciona a influência das tarifas de 50% impostas pela administração Trump, o que pode afetar a balança comercial brasileira em cerca de US$ 6,2 bilhões.
O câmbio se manteve estável, mas a incerteza nas negociações comerciais requer monitoramento próximo.
Vescovi conclui que, apesar do desaquecimento, espera-se que o Brasil não enfrente recessão, mas sim uma moderação gradual da atividade econômica.