Incerteza em alta, políticos em baixa
A crescente incerteza econômica nos Estados Unidos gera temor nos mercados e consumidores após declarações controversas de Trump. A falta de estratégias consistentes para enfrentar os desequilíbrios fiscais e suas promessas contraditórias complica ainda mais o cenário.
A palavra incerteza tem dominado as manchetes, refletindo tensões comerciais, eventos climáticos extremos, conflitos geopolíticos e desequilíbrios fiscais.
Esse cenário gera ansiedade social e impacta decisões de investimento, com a incerteza atuando como uma bomba sobre os "espíritos animais" do setor privado.
A classe política enfrenta um desafio: lideranças preparadas que compreendam os desafios e indiquem soluções têm sido raras. O presidente dos EUA, Donald Trump, é uma fonte de incertezas, contribuindo com aumentos de tarifas e afastamento de aliados.
Segundo a colunista do Financial Times Gillian Tett, a estratégia de Trump busca um grande "reset" no sistema global, visando a um modelo mercantilista. No entanto, essa estratégia é inconsistente.
Um ponto positivo é o ajuste fiscal proposto pelo secretário do Tesouro, Scott Bessent, mas a execução parece baixa. O atual déficit de 6,4% do PIB pode crescer para 10% se cortos impostos forem implementados.
Faltam propostas coerentes para redução de gastos e aumento da arrecadação, e cortes em programas como Medicare e Medicaid enfrentariam resistência.
Recentemente, Trump mencionou a possibilidade de recessão, o que assustou o mercado. As bolsas americanas e o dólar sofreram perdas: a S&P 500 caiu 9% e o dólar 5,5% desde janeiro.
A confiança dos consumidores se mostrou abalada, com o índice da Universidade de Michigan caindo de 76,9 para 54,2 pontos.
As reações econômicas antecipadas podem sinalizar ajustes positivos, evitando complacência. O grande teste para Trump e as instituições norte-americanas será a capacidade de resposta a esses erros.