Incerteza sobre aliança com os EUA leva Japão a reabrir debate sobre armas nucleares
O Japão revisita sua postura em relação à proliferação nuclear em meio a incertezas sobre a aliança com os EUA e a crescente ameaça das potências regionais. Embora a maioria da população ainda seja contrária, pesquisas indicam um aumento no apoio à revisão dos princípios não nucleares.
Movimento no Japão para rever a política de não proliferação nuclear.
O Japão, único país a sofrer ataques atômicos, enfrenta um crescente movimento interno e externo para repensar sua política de não proliferação nuclear. Esse sentimento é impulsionado por dúvidas sobre a aliança com os EUA e o avanço dos arsenais da China, Coreia do Norte e Rússia.
A inquietação aumentou após o retorno de Donald Trump à Casa Branca, com sua postura de tarifas e questionamentos sobre o compromisso dos EUA com a OTAN.
Embora a população japonesa continue majoritariamente contrária à ideia de armas nucleares, pesquisas indicam um aumento no apoio a mudanças nos “Três Princípios Não Nucleares” de 1967. Em março, 41% dos entrevistados estavam a favor da revisão, em comparação a 20% em 2020.
A memória das bombas de Hiroshima e Nagasaki está se esvanecendo entre os jovens. Em Hiroshima, mais de 30% das pessoas de 18 a 24 anos não querem ouvir relatos de sobreviventes.
A Coreia do Sul também sente a pressão, com até 75% da população apoiando um arsenal próprio, caso os EUA retirem sua proteção nuclear. Ambos os países são signatários do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP).
O Japão é considerado um “Estado limiar” nuclear, com tecnologia avançada e cerca de 45 toneladas de plutônio, podendo construir um artefato nuclear rapidamente se romper o TNP. A Coreia do Sul, por outro lado, não possui a mesma estrutura.
A China já reagiu ao debate, acusando Japão e Coreia do Sul de hipocrisia enquanto expandem seu arsenal nuclear, que hoje soma cerca de 600 ogivas. Especialistas alertam que a mera consideração da nuclearização pode provocar o conflito que ambos os países pretendem evitar.