Inclusão de mulheres na liderança de grandes empresas fica praticamente estagnada; entenda por quê
Empresas acreditam que estão cumprindo suas metas de inclusão, mas especialistas alertam para a necessidade de mudanças culturais. O cenário atual revela a lentidão no avanço da diversidade de gênero em conselhos e diretorias das companhias do Ibovespa.
Crescimento tímido da presença feminina nos conselhos de administração e diretorias do Ibovespa é atribuído à percepção de que o trabalho de inclusão foi concluído, diz Margareth Goldenberg, gestora do Mulher 360.
Após a pandemia, houve pressão social para ampliar políticas de inclusão. No entanto, empresas acreditam que ter poucas mulheres em cargos de liderança é suficiente. Goldenberg alerta: “Se você para de girar, vai para trás, e a profissional mulher é substituída por um homem.”
Valeria Café, do IBGC, observa uma mudança desde o início do ano, influenciada por declarações do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre políticas ESG. O IBGC promove mentorias para mulheres interessadas em posições de liderança e destaca a importância da diversidade.
Levantamento do Morgan Stanley aponta que empresas com maior diversidade de gênero tiveram desempenho 1,6% superior em 2022. A Moody’s também mostra correlação entre empresas com mais mulheres em conselhos e melhores notas de crédito.
Flavia Mouta, da B3, não vê mudanças significativas em relação à diversidade nas empresas brasileiras. A B3, uma das empresas com maior presença feminina, criou o mecanismo “pratique ou explique”, exigindo representação de mulheres e integrantes de comunidades sub-representadas até 2026.
Mouta defende que a exigência é factível no Brasil e que o foco atual é educativo. Goldenberg, no entanto, afirma que é necessária uma mudança cultural profunda nas organizações. Ela defende a análise das causas das demissões de mulheres como uma das ações fundamentais para promover a diversidade.