Inflação deve descumprir meta contínua pela 1ª vez; entenda
Brasil deve enfrentar descumprimento da meta de inflação após seis meses fora do intervalo de tolerância. A divulgação do IPCA de junho, prevista para quinta-feira, é esperada com alta significativa, impulsionando a necessidade de explicações do Banco Central.
Inflação no Brasil deve descumprir meta contínua pela primeira vez na divulgação do IPCA de junho.
O IBGE anunciará os resultados na quinta-feira (10). O modelo de meta contínua, que entrou em vigor em janeiro de 2025, considera o descumprimento quando a inflação acumulada em 12 meses fica fora do intervalo de tolerância (1,5% a 4,5%) por seis meses consecutivos.
Até maio, o IPCA apresentou uma alta de 5,32%. Com isso, o estouro da meta em junho é esperado, afetando a política monetária do Banco Central (BC).
A Selic foi elevada a 15% ao ano para controlar os preços. O economista Fábio Romão projeta aumento de 0,2% para o IPCA de junho, resultando em uma inflação acumulada de 5,31%.
Romão acredita que a inflação abaixo do teto de 4,5% só deve ocorrer a partir de setembro de 2026. Pressões permanecem nos preços de serviços e bens industriais, apesar da estabilização nos alimentos.
André Braz, da FGV Ibre, sugere que mesmo um IPCA de junho mais baixo não mudará a tendência para os seis primeiros meses. Ele projeta cenários de 4,9% a 5,4%% para o IPCA até 2025, ambos acima do teto.
A mudança para o modelo contínuo foi formalizada em decreto de Lula em junho de 2022, visando evitar distorções populistas na política de preços.
Caso a meta seja descumprida, o presidente do BC deve enviar uma carta ao ministro da Fazenda. O novo descumprimento pode resultar na segunda carta de Gabriel Galípolo, refletindo a realidade da inflação acumulada acima do limite definido.