Inquilina 'ocupou' meu apartamento e tive que morar em uma van: a nova crise que atinge setor de imóveis na Espanha
A luta de José Ignacio Ponce pela recuperação do apartamento revela as complexidades da "inqui-ocupação" na Espanha. O caso expõe a fragilidade das leis que protegem tanto os proprietários quanto os inquilinos vulneráveis em meio ao déficit habitacional crescente.
José Ignacio Ponce viveu por nove meses em uma van de três metros quadrados em Valência, após seu apartamento ser ocupado por uma "inqui-ocupante". Essa prática legal na Espanha permite que inquilinos não paguem aluguel, tomando a propriedade.
O caso de José exemplifica a crise habitacional no país, amplificada por 80 mil casos de ocupação ilegal, segundo a Plataforma dos Afetados pelas Ocupações (PAO) - cifra muito acima dos 15.289 casos oficiais de 2023.
A lei espanhola é leniente com os ocupantes, dificultando a recuperação de imóveis. O proprietário não pode trocar fechaduras nem cortar serviços essenciais sem risco de penalidades.
Em meio a um cenário de déficit habitacional, a politização do problema se intensificou, com partidos de direita criticando o governo por falta de ações. Enquanto isso, líderes governamentais minimizam o impacto, afirmando que a ocupação afeta menos de 1% das residências.
A luta de José começou quando sua inquilina parou de pagar em agosto de 2023. Após uma jornada judicial, ele conseguiu a ordem de despejo, mas a ocupante não saiu a tempo, atrasando ainda mais seu retorno ao imóvel.
Após enfrentar desafios legais e truques da inquilina, José finalmente recuperou a posse do apartamento, mas enfrentou novas dificuldades com as inundações em outubro que destruíram suas pertenças em um depósito.
Seu caso se tornou representativo dos desafios enfrentados por proprietários na Espanha, levantando discussões sobre o mercado imobiliário e o déficit de moradia.