INSS deu comando para manter ativo sistema mais vulnerável de descontos, diz Dataprev
Rodrigo Assumpção revela que o INSS optou por manter um sistema de cadastro vulnerável, mesmo após a entrega de uma solução mais moderna. A situação culminou em investigações que afastaram diversos gestores da instituição.
Presidente da Dataprev, Rodrigo Assumpção, revelou em entrevista à Folha a continuidade do sistema de cadastro de descontos associativos do INSS, mesmo após a entrega de uma solução mais moderna em setembro de 2024.
O INSS, sob a presidência de Alessandro Stefanutto, enviou listas de novos associados para descontos durante seis meses, mesmo com a nova tecnologia disponível. Assumpção disse: "Recebemos a ordem de manter aberto e continuar fazendo essas inscrições".
A solução antiga foi descontinuada apenas em março deste ano, antes da operação Sem Desconto da Polícia Federal, que resultou no afastamento de cinco gestores do INSS.
Segundo o INSS, esse foi um dos fatores que levaram à troca da gestão em 30 de abril. A nova administração está colaborando com as investigações.
Assumpção informou que as ordens para manter o sistema antigo partiram de pessoas investigadas e que os registros dessas solicitações foram repassados à PF.
O sistema de descontos tinha uma lógica desatualizada desde 1994, e o INSS realizava apenas checagens mínimas dos beneficiários. Assumpção ressaltou que a CGU e o TCU pediram a criação de um novo sistema por conta das fragilidades do antigo.
A nova solução exigiu documentação digitalizada e uso de biometria, eliminando a necessidade de listas. Assumpção afirmou que a decisão do INSS de manter o antigo foi estranha e que a Dataprev não alertou sobre isso.
Investigações também revelaram que servidores do INSS desbloquearam novos benefícios para aplicar descontos. Cerca de 170 servidores tinham poderes para isso, mas Assumpção destacou que a Dataprev concede autorizações a pedido do INSS.
Ele se manifestou contra sugestões de que a Dataprev estava envolvida no esquema de descontos indevidos e afirmou que não há indícios de envolvimento de funcionários da empresa.