Inteligência artificial muda perfil do trabalho no campo
Transformação digital no agronegócio brasileiro promete mudanças significativas no mercado de trabalho. A automação de tarefas pode levar à substituição de postos tradicionais, tornando a qualificação essencial para o futuro da força de trabalho rural.
O agronegócio brasileiro atingiu um marco histórico no 1º trimestre de 2025, com 28,5 milhões de pessoas ocupadas, representando 26,23% de todos os empregos no país. O crescimento foi impulsionado por segmentos como **serviços**, **agroindústria** e **insumos**.
No entanto, a inteligência artificial deve impactar esse cenário nos próximos anos, substituindo atividades repetitivas e de baixa qualificação com a automação e digitalização da produção.
A região Centro-Oeste, maior polo de produção de grãos do Brasil, já mostra mudanças: 62% das fazendas de médio e grande porte utilizam tecnologia digital, segundo a Embrapa Territorial.
- Plataformas que integram sensores, IA e conectividade monitoram atividades em tempo real.
- Tratores autônomos estão diminuindo a demanda por operadores, mas aumentando a procura por técnicos de informática.
Segundo Gustavo Vaz da VGRI Partners, apenas 30 a 35% da área plantada de grãos tem conectividade adequada. Ele alerta que depender exclusivamente do Starlink é arriscado, sugerindo soluções híbridas de conectividade.
Nas regiões Norte e Nordeste, onde predomina a agricultura familiar, a adoção de tecnologias digitais é lenta: apenas 8,7% dos estabelecimentos rurais do Nordeste utilizam essas tecnologias.
Maranhão e Piauí enfrentam desafios com a transição tecnológica mas grandes fazendas estão investindo em tecnologia. Apesar disso, a mão de obra local ainda é pouco qualificada.
O relatório do Fórum Econômico Mundial prevê que até 2030, 8% dos empregos rurais tradicionais podem desaparecer globalmente devido à automação e IA, afetando principalmente funções repetitivas.
A McKinsey & Company destaca que a IA permitirá uma agricultura de precisão mais eficiente, mas exigirá uma força de trabalho com maior capacitação digital, aumentando a desigualdade entre produtores e trabalhadores.
A qualificação é fundamental para mitigar a transição. Iniciativas do Senar oferecem treinamentos, enquanto startups como Agrosmart capacitama produtores a usar dados de sensores e imagens de satélite.
Um desafio significativo é que apenas 12% dos trabalhadores rurais possuem ensino médio completo, dificultando o acesso a programas de requalificação.