Interrogatórios revelam estratégias de defesa de réus da trama golpista na reta final do julgamento

Interrogatórios no STF revelam rachas e estratégias entre réus do golpe de Estado

Avanços nos interrogatórios no Supremo Tribunal Federal (STF) destacam desentendimentos e reposicionamentos táticos entre réus acusados de tentativa de golpe. Cada movimento é analisado como um indicador de força ou complicação, especialmente com o julgamento se aproximando.

O interrogatório de Mauro Cid intensificou a pressão sobre outros réus, especialmente Walter Braga Netto. Cid comprometeu figuras chave ao alegar que o almirante Almir Garnier se envolveu no plano golpista e que Bolsonaro alterou um decreto com teor golpista, mas poupou outros nomes.

Embora tenha se mostrado disposto, Cid apresentou insegurança e repetiu expressões como “não sei” ou “não me recordo”. Esta postura pode afetar seu acordo de colaboração premiada.

Enquanto isso, Jair Bolsonaro adota uma estratégia híbrida, misturando defesa jurídica e reposicionamento político, buscando construir uma narrativa favorável. Ele admitiu ter discutido alternativas para reverter o resultado eleitoral, complicando sua situação jurídica.

O criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro sugere que a defesa de Bolsonaro deve argumentar que suas ações não passavam de cogitação, mas considera difícil sustentar isso no julgamento.

Uma nova estratégia em destaque envolvendo Celso Vilardi, advogado de Bolsonaro, busca questionar a validade das provas e a legalidade do depoimento de Cid. Enquanto Augusto Heleno adotou uma postura cautelosa, a situação dos que participaram mais ativamente, como Braga Netto e Alexandre Ramagem, é mais delicada, com provas robustas contra eles.

As defesas tendem a focar na desqualificação da delação de Cid, indicando que o cenário jurídico dos réus pode ter se agravado durante os interrogatórios.