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Invasão de turistas rumo à Antártida infla preços e agrava crise em Ushuaia

O aumento do turismo em Ushuaia gera prosperidade, mas também provoca desafios sociais e habitacionais. A cidade enfrenta a pressão de equilibrar interesses turísticos com as necessidades dos residentes locais.

Ushuaia, na Argentina, recebe turistas em massa durante o verão, atraídos pela Antártida. Em uma tarde de janeiro, cinco navios de cruzeiro lotavam as docas, com turistas pagando entre US$ 15 mil e US$ 18 mil por viagens de dez dias.

A cidade teve um aumento significativo no turismo, passando de 35 mil passageiros em 2010 para 111,5 mil no ano passado, com previsão de alta de 10% nesta temporada. Muitos visitantes optam por Airbnbs em vez de hotéis tradicionais.

O turismo trouxe prosperidade para seus 83 mil residentes, mas também provocou surtos de custo de vida e escassez de habitação. Julio Lovece, da Fundação Ushuaia 21, destaca que a cidade vende "uma aura" única por sua localização.

Ushuaia, a 90% do cruzeiro para a Antártida, encanta turistas com suas paisagens intocadas. Apesar de ter 6.200 leitos disponíveis, a demanda por hospedagem de luxo é alta, levando a rede Meliá Hotels a planejar um resort de US$ 50 milhões.

Enquanto turistas pagam altas quantias, a realidade de trabalhadores locais, como Nolly Ramos, é dura. Ela vive em condições precárias com seus filhos e enfrenta dificuldades para pagar aluguel, que consome cerca de 80% da renda.

Com o crescimento da população em 45% desde 2010, Ushuaia enfrenta desafios de habitação, com preços altos para apartamentos. Apesar da intenção de equilibrar turismo e bem-estar local, há preocupações com o impacto ambiental e a sustentabilidade.

A Associação Internacional de Operadores de Turismo da Antártida defende o equilíbrio, mas o aumento do turismo gera preocupações. Ativistas alertam que, caso a situação permaneça, em breve só turistas habitarão a cidade. Maria Elena Caire, do Que Nos Escuchen, questiona: "Quem vai atendê-los?"

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