Irã quer declaração mais dura contra Israel e cria impasse no Brics
Negociações no Brics buscam um consenso em meio à tensão sobre o conflito no Irã e a posição em relação a Israel. A Cúpula, que ocorrerá no Rio, também abordará questões como guerra tarifária e saúde global.
Negociações no Brics para a declaração final da cúpula continuam sem consenso sobre o conflito no Irã, após ataques de Israel e EUA em junho.
O Irã exige um posicionamento mais firme do bloco, que se juntou ao Brics em 2023, e não reconhece o Estado de Israel, referindo-se a ele como “regime sionista”. O Brics historicamente apoia a solução de dois Estados para o Oriente Médio, mas o Irã vê isso como uma legitimização da existência de Israel.
O conflito durou 12 dias, com israelenses bombardeando alvos iranianos para conter o programa nuclear. O Irã retaliou, e um cessar-fogo foi mediado pelo presidente Donald Trump, mas a situação permanece delicada.
Durante as negociações no Brics, o conflito com o Irã ganhou mais destaque do que os ataques à Faixa de Gaza. Em 2024, na reunião em Kazan, Rússia, o apoio à Palestina na ONU foi reafirmado.
Países como Índia, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Etiópia e Egito são mais alinhados com os EUA e resistem a mudanças significativas na menção a Israel.
A Cúpula do Brics ocorrerá no Rio de Janeiro de 6 a 7 de julho. O Brasil preside o bloco desde janeiro de 2025.
Os países também avaliam o tom da declaração sobre a guerra tarifária dos EUA, com termos mais duros, mas sem menções diretas.
Além da declaração geral, serão apresentadas três declarações temáticas sobre:
- inteligência artificial
- financiamento climático
- erradicação de doenças socialmente determinadas
Essas declarações visam reforçar o papel multilateral do Brics frente à redução de financiamento humanitário pelos EUA e países europeus. Convites foram enviados ao diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, e ao secretário-geral da ONU, António Guterres.