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Jonathan Shanklin, o cientista que descobriu o buraco na camada de ozônio

Cientistas relembram descoberta do buraco na camada de ozônio e o impacto das ações rápidas dos governos. O Protocolo de Montreal é apontado como um exemplo de sucesso que deve ser seguido para enfrentar a crise climática atual.

Quarenta anos após a descoberta do buraco na camada de ozônio, três cientistas britânicos alertaram o mundo sobre a importância da camada de ozônio, que protege a Terra da radiação solar prejudicial.

O estudo, publicado em 1º de maio de 1985 na revista Nature, foi conduzido por Jonathan Shanklin, Joe Farman e Brian Gardiner do British Antarctic Institute (BAS).

Em 1970, pesquisadores como Mario Molina e Sherwood Rowland já haviam sinalizado o risco dos clorofluorcarbonos (CFCs), amplamente usados em produtos como refrigeradores e aerossóis.

A descoberta estimulou uma rápida ação governamental. Em 1987, foi assinado o Protocolo de Montreal, considerado o tratado ambiental de maior sucesso da história da ONU, que proibiu o uso de CFCs.

Shanklin, que conversou com a BBC, destacou a importância de aprender com o Protocolo para enfrentar futuras mudanças climáticas. A camada de ozônio, localizada entre 12 e 40 km acima da superfície da Terra, é vital para a proteção da vida.

Se destruída, poderia provocar sérios danos a microrganismos, plantas e humanos, aumentando os casos de câncer de pele.

No início de sua carreira, Shanklin analisou os dados da camada de ozônio e, contra as expectativas, encontrou uma tendência de queda sistemática desde 1984, ligada ao aumento dos CFCs na atmosfera.

O buraco foi detectado na Antártida devido ao frio extremo, que promoveu reações químicas que alteraram o ozônio na primavera.

O Protocolo de Montreal se destacou pelo princípio da precaução e pela combinação de fatores que levaram à ação rápida: a popularização do termo "buraco", o aumento do risco de câncer e a liderança de Margaret Thatcher.

A próxima revisão do Protocolo será em 2026, visando abordar novas questões como satélites que podem impactar a camada de ozônio.

Shanklin ainda enfatiza a necessidade de um monitoramento constante do ozônio, e alerta que a recuperação completa pode levar até 2066.

Além disso, ele critica a falta de ação em crises ambientais, como mudanças climáticas e poluição. Para garantir um futuro sustentável, sugere uma mudança nos modelos econômicos, visando o bem comum, em vez de interesses restritos.

Por fim, ele reflete sobre a importância de sua descoberta e o desafio contínuo de abordar questões ambientais de forma eficaz e global.

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