Jornal britânico avalia tarifaço como 'disputa sem precedentes entre EUA e Brasil'
Disputa comercial entre Brasil e EUA se intensifica após tarifas de 50% impostas por Trump, ligadas ao julgamento de Bolsonaro. Lula busca apoio internacional e se recusa a dialogar diretamente com o presidente americano, criando um impasse nas relações bilaterais.
Financial Times traz reportagem sobre a crise comercial entre Brasil e Estados Unidos após tarifas de 50% impostas pelo presidente norte-americano Donald Trump.
Trump justifica as tarifas com o julgamento de Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) e um "déficit comercial insustentável", apesar do superávit de US$ 7,4 bilhões dos EUA com o Brasil no ano passado.
A crise é agravarada pela conexão pessoal de Trump com Bolsonaro. Embora Lula não tenha poder para interromper o julgamento de Bolsonaro, ele busca vantagem política ao enfrentar os EUA.
Lula ainda não contatou Trump, focando em estabelecer relações com líderes do Brics, como Modi e Putin.
O jornal considera a situação como uma crise bilateral sem resolução rápida. O julgamento de Bolsonaro, que nega acusações de golpe, intensifica o conflito. Trump considera o julgamento uma "caça às bruxas" e citou a democracia brasileira como uma "ameaça à segurança nacional".
Bruno Santos, especialista em política, acredita que é a pior crise em 200 anos de relações Brasil-EUA. Para ele, as exigências de Trump são impossíveis para Lula atender.
Após as tarifas, Trump também proibiu viagens a oito ministros do STF e impôs sanções a Alexandre de Moraes. A expectativa é que Bolsonaro seja declarado culpado no STF, enquanto sua esperança de escapar das acusações está nas pressões dos EUA.
A reportagem ainda menciona que Trump deseja reverter as regulamentações de mídias sociais do STF, enquanto Steve Bannon acredita que a pressão sobre o Brasil deve continuar. As autoridades brasileiras foram indiferentes ao laço entre Trump e Bolsonaro e criticaram a falta de diálogo entre Lula e a Casa Branca.
Eduardo Bolsonaro e aliados tentaram sanções na Suprema Corte, mas as tarifas surpreenderam. Apesar de exportações modestas para os EUA, os mercados financeiros não reagiram severamente até agora, com o Brasil sendo um dos principais fornecedores de café e carne.
Os líderes do setor privado expressam descontentamento com a falta de interação de Lula com Trump. Enquanto pesquisas mostram leve recuperação de popularidade de Lula, ele evita tarifas retaliatórias e se posiciona como um defensor da soberania nacional.
Segundo Celso Amorim, assessor de Lula, o Brasil deveria fortalecer laços com o Brics e diversificar comércio com novos parceiros, sem esperar solução com os EUA.