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Jumento brasileiro pode entrar em extinção até 2030 com abate para exportação para China, alerta pesquisador

A crescente demanda pelo colágeno extraído de jumentos tem levado à drástica redução da população desses animais, com riscos de extinção iminente no Brasil. Especialistas alertam sobre a necessidade urgente de aprovar leis que proíbam o abate e promovam a conservação da espécie.

Demanda chinesa por colágeno tem causado uma redução drástica na população de jumentos em diversos países, incluindo o Brasil, onde mais de um milhão de animais foram abatidos entre 1996 e 2025. A população caiu de 1,37 milhão para 78 mil, representando uma queda de 94%. Se mantido o ritmo atual, a espécie "não chegaria a 2030" no Brasil.

Pierre Barnabé Escodro, da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), alerta para o risco de extinção e defende a aprovação de um projeto de lei de 2022 que proíbe o abate, atualmente parado no Congresso. O evento "Jumentos do Brasil" reunirá cerca de 150 pessoas em Maceió (AL) para discutir a conservação.

Apenas três frigoríficos na Bahia têm licença para o abate, mas pesquisadores afirmam que não há rastreabilidade e a prática é "insustentável". Desde 2019, a Justiça suspendeu a atividade em várias ocasiões devido a denúncias de maus-tratos.

Estudos mostraram que jumentos abandonados destinados ao abate apresentavam sinais de inflamação sistêmica, indicando falta de cuidado. Em 2022, proposta na Assembleia Legislativa da Bahia para proibir o abate foi rejeitada em parecer do deputado Paulo Câmara (PSDB), que alegou estabilidade da população de jumentos.

A pele dos jumentos é comumente vendida a US$ 4 mil, sendo destinada à produção de ejiao, um produto da medicina chinesa sem comprovação de eficácia. Aproximadamente 5,9 milhões de jumentos são abatidos anualmente globalmente para abastecer o mercado.

Especialistas como Escodro buscam reintroduzir os jumentos na sociedade, propondo atividades como jumentoterapia e reintegração na agricultura. Eles discutem a criação de santuários no evento, visando proteger as populações existentes e combater a extinção.

Grupos de conservação estão pressionando pela aprovação do projeto de lei 1.973, que discutirá a proibição do abate em todo o Brasil, enquanto a União Africana iniciou uma moratória de 15 anos no abate para exploração da pele.

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