Juros altos podem deixar de ser remédio e se tornar veneno
Aumento da Selic para 15% impacta economia e agrava a desigualdade no país. Juros elevados podem elevar a dívida pública e complicar o controle da inflação.
Banco Central eleva a taxa Selic para 15% ao ano, medida esperada por operadores de mercado, mas não por analistas. Essa decisão visa combater a inflação elevada e sinais de vitalidade da economia.
Os juros reais nos últimos 12 meses foram de 6,1%; a projeção futura sugere uma diferença de quase 10% entre juros prefixados e inflação.
Consequências dos juros altos:
- Agravação da concentração de renda: 433 mil brasileiros têm patrimônio superior a US$ 1 milhão, e a Selic a 15% favorece esse grupo rico.
- Aumento da dívida pública: Um aumento de 1 ponto na Selic pode elevar a dívida pública em R$ 50 bilhões, com despesas de juros do governo podendo atingir R$ 1 trilhão em 2025.
A relação dívida bruta/PIB deve crescer de 71,7% no final do governo Bolsonaro para 82,4% até 2026; com previsão de 100% em 2030 e 125% em 2035.
Mesmo com juros altos, não há garantia de queda da inflação. Analistas projetam um IPCA de 2025 0,4 ponto percentual acima de 2024. É hora de rediscutir a eficácia dos juros no combate à inflação em um cenário econômico vulnerável, marcado pela falta de consenso político.
Urgência: É preciso evitar que essa "geringonça" nos devore.