Juros futuros caem com dado de produção industrial no radar
Juros futuros caem significativamente após pressão externa e dados fracos da produção industrial no Brasil, que influenciam expectativas sobre a Selic. Especialistas alertam para incertezas no cenário econômico nacional e externo, que podem impactar o ciclo de aperto monetário do Banco Central.
Juros futuros encerram terça-feira com queda robusta, especialmente nos vértices de longo prazo, recuperando-se da alta da véspera, influenciada por estresse nos mercados globais e temores de recessão nos EUA.
O setor industrial brasileiro apresentou resultados abaixo do esperado, sinalizando uma desaceleração da atividade e moderando as expectativas para o próximo ciclo de aperto monetário do Banco Central.
No fechamento, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 caiu de 14,80% para 14,72%; de janeiro de 2027 de 14,705% a 14,535%; de janeiro de 2029 de 14,70% para 14,48%; e de janeiro de 2031 de 14,82% para 14,59%.
Em contraste, os Treasure americanos tiveram alta nos rendimentos, subindo de 4,216% para 4,285%. A taxa doméstica seguiu a tendência de reduzir o prêmio de risco.
A expectativa por cortes prolongados de juros pelo Federal Reserve e uma alta menos intensa da Selic apoiou a queda dos juros futuros, apesar das incertezas políticas nos EUA.
José Monforte, da Vinland Capital, alerta que o desempenho da curva pode mudar, dependendo da situação interna e externa. A gestora adotou uma postura mais tática em março.
Em dados macroeconômicos, a produção industrial do Brasil permaneceu estável entre dezembro e janeiro, contrariando a expectativa de alta de 0,4%. Isso sugere uma perda de impulso da atividade brasileira.
Andrew Reider, da WHG, considera que as surpresas negativas podem ajudar na clareza sobre o ciclo de aperto do BC, permitindo a descompressão da curva de juros. A expectativa é de uma Selic ao redor de 15,25% ao fim do ciclo do Copom.
O próximo aumento de 1 ponto percentual, levando a Selic para 14,25%, deve ser confirmado em 19 de março. No entanto, Reider alerta sobre possíveis medidas heterodoxas do governo para tentar fortalecer a economia.
Ele sugere que o Brasil pode conviver com uma Selic mais alta por mais tempo, com a inflação desancorada da meta de 3%.