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Lideranças negras e indígenas aumentam na administração federal, mas cargos elevados seguem dominados por homens brancos

A pesquisa revela que, apesar do aumento na presença de lideranças negras e indígenas, a maior parte das posições de alta autoridade ainda é dominada por homens brancos. Especialistas indicam a necessidade de fortalecer ações afirmativas e monitorar a diversidade nas carreiras do serviço público.

A presença de lideranças negras e indígenas no Poder Executivo Federal cresceu de 22% para 39% em 25 anos, mas a maioria dos cargos continua dominada por homens brancos, conforme levantamento do Afro, vinculado ao Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap).

A socióloga Flávia Rios, coordenadora da pesquisa, destaca que, em cargos de baixa autoridade, a presença de mulheres e negros cresceu. No entanto, cargos de maior prestígio ainda são em sua maioria ocupados por homens brancos.

No ano passado, homens brancos e amarelos detinham quase metade (46%) dos cargos de alta liderança, enquanto homens e mulheres negros e indígenas ocuparam apenas 16% e 12%, respectivamente.

O estudo, apoiado pela Fundação Lemann e Imaginable Futures, revela que o Ministério das Relações Exteriores não teve mudanças significativas em seu perfil racial, com uma ocupação de 55% a 60% por homens brancos e amarelos. Situação similar ocorre nos ministérios da Fazenda (50%), Planejamento e Orçamento (45%) e Justiça e Segurança Pública (45%).

O ministério com a maior proporção de lideranças negras e indígenas é o dos Povos Indígenas (39%). Mulheres líderes negras e indígenas são mais prevalentes nos ministérios da Cultura (22%), Povos Indígenas (22%), Esporte (21%) e Gestão e Inovação em Serviços Públicos (21%).

Rios afirma que os dados identificam onde há maior dificuldade para a presença de negros e indígenas. Ela ressalta a importância da Lei 12.990, que institui cotas para negros em concursos federais, e do Decreto nº 11.443, que reserva 30% de cargos para pessoas negras, mas aponta que ainda há um longo caminho por percorrer.

Além disso, o estudo lista dez recomendações para aumentar a diversidade, como monitorar a presença de negros e indígenas em carreiras burocráticas e fomentar a formação de lideranças nesses grupos em cargos de alta autoridade.

Os dados se referem a cargos comissionados (CCEs e FCEs). O grupo amarelo é considerado junto aos brancos e representa menos de 1% dos cargos de liderança no Poder Executivo.

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